terça-feira, 11 de outubro de 2011

Evangelho do Dia

Lc11,37-41

Naquele tempo, 37enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa. 38O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. 39O Senhor disse ao fariseu: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. 40Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? 41Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.

Santo do Dia


Santo Alexandre Sauli
1534-1592

   A família Sauli fazia parte da nobre Corte de Gênova, muito ligada à Igreja. Nela, havia inúmeras figuras de destaque e influência na política, ricas e poderosas, tendo tradição de senadores e administradores para aquela costa marítima tão importante da Itália.
   No seio deles nasceu Alexandre, no dia 15 de fevereiro de 1534, em Milão. No batizado, sua mãe o consagrou à Virgem Maria. Desde a tenra idade queria seguir a vida religiosa. E na adolescência ele dispensou uma brilhante carreira na Corte do rei Carlos V, conhecido como o senhor da Europa e da América, para seguir sua vocação.
   Aos dezessete anos de idade, entrou no Colégio do Clero Regular de São Paulo, da igreja milanesa de São Barnabé, tradicionalmente freqüentada por sua família. Lá, entregou-se por completo à obediência das regras da vida comum com severas tarefas religiosas. Abandonou tudo o que possuía, tornando-se um verdadeiro seguidor de Cristo.
   Ordenado sacerdote, Alexandre Sauli exerceu o ministério como professor de noviços e formador de padres barnabitas. Depois, foi nomeado pelo arcebispo de Milão, Carlos Borromeo, agora santo, teólogo e decano da Faculdade Teológica de Pávia. Em 1565, aos trinta e um anos de idade, foi eleito superior-geral da Ordem, empenhando-se para manter vivo o espírito original do fundador. Considerado por seu dom de conselho, tornou-se o confessor do próprio são Carlos Borromeo, e orientador espiritual de muitas pessoas ilustres do seu tempo, tanto religiosos como leigos.
   Em 1567, foi nomeado bispo de Aléria, na ilha de Córsega, França. Recebeu, entretanto, uma diocese decadente e abandonada, sem clero capacitado, sem locais de culto decente, com um rebanho perdido nas trevas da ignorância e da superstição. Trabalhou duro durante vinte e um anos. Conseguiu reformar o clero, sendo o professor e o exemplo da vida cristã para todas as classes sociais, eliminando divergências e ódios entre as várias famílias dominantes.
   Transformou a diocese num modelo de devoção apostólica e de organização, sendo estimado e amado por todos, ricos e pobres.
   Mas Alexandre teve de deixar a Córsega quando foi nomeado bispo de Pávia pelo papa Gregório XIV, de quem fora diretor espiritual e confessor. Na época, Alexandre não tinha boas condições físicas devido ao seu incansável trabalho e à vida dura de privações, penitências e mortificações a que ele sempre se submetera. Mesmo assim, iniciou a visita pastoral de sua nova diocese, sem nem sequer pensar em abandonar a cruz de sua missão.
   No dia 11 de outubro de 1592, ele estava em visita na cidade de Calosso d'Asti. Era um doce entardecer de outono. Estando na rica propriedade do senhor do local, aceitou sua oferta de hospitalidade. Mas não ficou em nenhum dos luxuosos salões, preferiu estar entre os trabalhadores que se acomodavam nas estrebarias dos animais, onde adormeceu e não mais acordou.
   Seu corpo foi transferido e sepultado na Catedral de Pávia, Itália. Em 1904, o papa Pio X o canonizou como santo Alexandre Sauli, "Apóstolo da Córsega". Venerado como padroeiro da ilha de Córsega, sua festa litúrgica, que ocorre no dia de sua morte, mantém-se muito viva e vigorosa.

Fonte: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=11&Mes=10

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

São Francisco Borja ( ou Bórgia )

Príncipe da Espanha, Francisco nasceu na família dos Bórgia, em português Borja, no dia 28 de outubro de 1510, em Gáudia, Valença. Teve o mérito de redimir completamente a má fama precedente desta família desde a remota e obscura época medieval, notadamente em Roma. Ele era parente distante do papa Alexandre VI e sobrinho do rei católico Fernando II, de Aragão e Castela. Os Bórgias de então já eram muito piedosos e castos, o que lhe garantiu uma educação esmerada, dentro dos princípios cristãos, possibilitando o pleno exercício de sua vocação de vida dedicada somente a Deus.
Mesmo vivendo numa Corte de luxo e de seduções mundanas, Francisco manteve-se sempre firme na busca de diversões sadias e no estudo compenetrado e sério. Na infância, foi pagem da Corte do rei Carlos V, depois seu amigo confidente. Como não gostava dos jogos, ao contrário da maioria dos jovens fidalgos da época, cresceu entre os livros. Mas abominava os fúteis. Preferia os de cultura clássica, principalmente os de assunto religioso. Esta mesma educação ele repassou, mais tarde, pessoalmente aos seus oito filhos.
Tinha dezenove anos quando se casou com Eleonora de Castro e, aos vinte, recebeu o título de marquês. Apesar do acúmulo das atribuições políticas e administrativas, foi um pai dedicado e atencioso, levando sempre a família a freqüentar os sacramentos e a unir-se nas orações diárias.
O mesmo tino bondoso e correto utilizou para cuidar do seu povo, quando se tornou vice-rei da Catalunha. A história mostra que a administração deste príncipe espanhol foi justa, leal e cristã. Os seus súditos e serviçais o consideravam um verdadeiro pai e todos tinham acesso livre ao palácio.
Entretanto, com as sucessivas mortes de seu pai e sua esposa, os quais ele muito amava, decidiu entregar-se, totalmente, ao serviço de Deus. Em 1548, abdicou de todos os títulos, passou a administração ao filho herdeiro, fez votos de pobreza, castidade e obediência e entrou, oficialmente, para a Companhia de Jesus, ordem recém-fundada pelo também santo Inácio de Loyola. Meses depois, o papa quis consagrá-lo cardeal, mas ele pediu para poder recusar. Porém logo foi eleito superior-geral da Companhia.
Nesse cargo, imprimiu as suas principais características de santidade: a humildade, a mortificação e uma grande devoção à eucaristia e à Virgem Maria. Ativo, fundou o primeiro colégio jesuíta em Roma, depois outro em sua terra natal, Gáudia, e mais vinte espalhados por toda a Espanha. Enviou, também, as primeiras missões para a América Latina espanhola. E foi um severo vigilante do carisma original dos jesuítas, impondo a todos a hora de meditação cotidiana.
Morreu em 30 de setembro de 1572. Deixou como legado vários escritos sobre a espiritualidade, além do exemplo de sua santidade. Beatificado em 1624, são Francisco Bórgia foi elevado aos altares da Igreja em 1671. Foi assim, por meio dele, que o nome da família Bórgia se destacou com uma glória nunca antes presumida.

Lc 11,29-32

Naquele tempo, 29quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas.
30Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão.
32No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.

domingo, 9 de outubro de 2011

Evangelho Mateus 22,1-14

Naquele tempo, 1Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: 2“O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho.

3E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram ir.
4O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’
5Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, 6outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram.
7O rei ficou indignado e mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles.
8Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. 9Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’.
10Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados.
11Quando o rei entrou para ver os convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa 12e perguntou-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu.
13Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Aí haverá choro e ranger de dentes’.
14Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

São João Leonardo

São João Leonardo nasceu em Lucca, na Toscana (Itália), em 1541. Seguiu a profissão de seu pai (farmacêutico), até que respondeu sim ao sacerdócio. Tocado pelo abandono das crianças, sem escola e sem educação religiosa, São João Leonardo fundou a "Companhia da Doutrina Cristã", visando a catequese das crianças, assim como instituiu a "Congregação dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus", com o carisma correspondente a educação popular e promoção da vida sacramental.
Depois de voltar da piedosa romaria que fez para o Santuário de Nossa Senhora de Loreto, São João Leonardo passou em Roma, onde fundou a "Propaganda da Fé", como local de formação do Clero em terras de missão e assistência às vítimas da peste. Amigo de vários outros santos, como São Felipe Néri, São José Calazans e São Camilo de Léllis, testemunhou que grandes renovações na Igreja e fora, partem de grandes corações apaixonados por Jesus e pela humanidade.
São João Leonardo partiu para a glória no ano de 1609, ao consumir-se na assistência à Jesus Cristo na pessoa de inúmeros doentes.
São João Leonardo, rogai por nós!

sábado, 8 de outubro de 2011

Evangelho do Dia

Evangelho (Lucas 11,27-28)
27ª Semana Comum



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, enquanto Jesus falava, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e lhe disse: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”.
Jesus respondeu: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

São João Calábria
João Orestes Maria Calábria, seu nome de batismo, nasceu em 8 de outubro de 1873, em Verona, Itália, sétimo filho de uma família cristã muito humilde. O pai, Luís, era sapateiro e a mãe, Ângela, uma empregada doméstica e cristã exemplar. Desde pequeno, João teve uma saúde frágil, agravada ainda pela grande fome que atingira a região do Vêneto.

Quando o pai faleceu, teve de interromper o quarto ano do ensino básico para trabalhar como garçom. Com a ajuda de padres amigos da família, começou a estudar para entrar no seminário. Preocupado com os necessitados, desde o início teve a preocupação de visitar os doentes, mas desdobrava-se na catequese das crianças abandonadas, suas prediletas.
Em 1894, foi chamado para o serviço militar. Esta fase, segundo seus orientadores, seria interessante para colocar à prova sua verdadeira vocação sacerdotal. Logo foi escalado para a enfermaria do hospital militar, onde se dedicou de corpo e alma a cuidar dos enfermos.
Após dois anos, retornou ao seminário, onde foi aprovado como noviço. Mas o seminarista Calábria nunca mais deixaria de visitar o hospital militar. Em 1901, recebeu sua ordenação sacerdotal.
 Em 1907, foi nomeado vigário da Reitoria de São Benedito ao Monte. Lá, devido à sua especial atenção para com as crianças abandonadas, criou, no mesmo ano, uma casa de acolhida para elas, chamada "Casa dei Buoni Fanciulli", isto é, "Casa dos Bons Meninos", cuja sede depois foi transferida para a próxima cidade de São Zeno, onde hoje está a Casa-mãe. Em breve, os lares para as crianças abandonadas foram se estendendo por toda a Itália.
Em decorrência dessa obra, ele acabou fundando também duas congregações religiosas. Primeiro a masculina: dos Pobres Servos da Divina Providência; logo depois o ramo feminino: das Pobres Servas da Divina Providência. A orientação básica que o fundador costumava repetir aos seus religiosos, colaboradores leigos e aos jovens dos lares que criou era muito simples, como foi toda a sua vida: "Sejam evangelhos viventes". Com isso lhes pedia para encontrarem o amor de Deus vendo o irmão necessitado como a única fonte para poder sentir e demonstrar a verdadeira Paixão de Jesus Cristo pela humanidade.
João Calábria faleceu no dia 4 de dezembro de 1954, na Casa-mãe de suas obras, em São Zeno. O papa Pio XII, que na ocasião também estava doente, quando recebeu a notícia da morte de padre Calábria, cuja vida acompanhou e admirava, assim o definiu: era um "campeão de evangélica caridade". Canonizado pelo papa João Paulo II em 1999, a data comemorativa oficial da memória de são João Calábria ocorre no dia 8 de outubro, em vez de 4 de dezembro, por uma especial autorização concedida, a pedido das congregações, pela Santa Sé.
São João Calábria, rogai por nós!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Espiritualidade

Síntese da obra “O céu começa em você” de Anselm grün  

   Introdução: O autor em sua obra procura buscar inspiração na rica fonte de espiritualidade cristã vivida pelos primeiros monges por volta dos anos 300 a 600 dC. O mais interessante é que esta espiritualidade encontrada nos monges vem ao encontro das necessidades e anseios atuais. Esta espiritualidade é conquistada a partir da base e começa em nós mesmos, em nossos pensamentos, sentimentos e paixões. O caminho que nos leva para Deus, segundo os padres do deserto, conduz a uma percepção e a um encontro muito intenso conosco mesmos. O que os padres do deserto nos ajudam a descobrir é que não se fala aí meramente sobre os homens e sobre Deus, mas que suas palavras provêm de um sincero autoconhecimento e de uma verdadeira e real experiência de Deus. A espiritualidade dos primeiros monges é mistagógica, ou seja, ela conduz para dentro do mistério de Deus e do homem.

1. A ESPIRITUALIDADE A PARTIR DA BASE
   Os padres do deserto nos ensinam uma espiritualidade a partir da base. Para eles o caminho para Deus sempre conduz ao autoconhecimento. Evágrio Pôntico afirmou: “Se queres conhecer a Deus, aprende primeiramente a conhecer a ti mesmo!” Sem o auto conhecimento corremos o perigo de nossos pensamentos sobre Deus serem meras projeções.
   O paradoxo do nosso caminho espiritual está no fato de subirmos para Deus à medida que nos rebaixarmos até a nossa realidade. É desta forma que entendemos a palavra de Jesus que diz: “Quem se humilha a si mesmo, será exaltado” (Lc 14,11; 18,14).
   É descendo para dentro de nossa condição terrena que nós entramos em contato com o céu, com Deus. Pois quando criamos coragem para descer até nossas próprias paixões, elas nos elevam a Deus. Por ser esta humildade o caminho mais difícil e desprezível para chegar a Deus, por isso que foi tão exaltada pelos padres monásticos. Pois aquele que almeja o céu com facilidade, nada encontra além de sua imagem pessoal a respeito de Deus e suas próprias projeções.
   O que precisamos fazer é através dos pecados, mergulhar dentro de nossa profundidade, porque é a partir do mais baixo que poderemos ascender até Deus. Somente o humilde é quem esta preparado a abraçar seu húmus, sua humanidade, sua terrenidade, sua sombra, experimentará o Deus verdadeiro. Para os monges é a humildade que os anima a buscar a verdade e os faz abraçar sua própria terrenidade e humanidade.
   O que é a humildade? Um ancião respondeu: humildade é uma grande obra; uma obra divina! O caminho para humildade, porém deve ser este: realizar trabalhos corporais, considerar-se um homem pecador, submeter-se a todos. O submeter-se a todos significa não prestar atenção às falhas dos outros, mas antes estar atento para as próprias falhas.
   Desta forma o caminho para Deus passa pelo encontro comigo mesmo, pelo rebaixamento para dentro de minha realidade.

2. PERMANECER EM SI MESMO
   Os patriarcas aconselham repetidamente aos monges permanecer na cela, a auto-suportar-se e a não fugir de si mesmo. A cela é sinal da morada do monge, um pequeno espaço que o monge construiu para si mesmo e lá permanece a maior parte do seu tempo. Nela ele permanece em oração e meditação. É também nela que ele trabalha.
   O permanecer na cela, quer dizer, o suportar-se a si mesmo, é o pressuposto para todo real progresso espiritual como também para a maturidade humana. Não existe homem maduro que não tenha tido a coragem de suportar-se a si mesmo e de encontra-se com sua própria verdade.
   A espiritualidade dos monges é sincera. Ela não passa por cima da realidade humana. O caminho para Deus, ao contrário, passa pelo autoconhecimento. Os monges não falam sobre Deus, eles o experimentam. Eles procuram afastar todas as possibilidades de dispersão, a fim de poderem direcionar o espírito completamente para Deus.
  O permanecer no interior da cela para o monge é um teste da realidade, pois se ele é capaz de suportar este enfrentamento consigo mesmo, onde nada é capaz de lhe tirar a atenção então, neste momento à verdade lhe atinge. Esta verdade em princípio pode ser até cruel, mas é ela que liberta. Desta forma que o monge irá ver se sua vida é coerente, irá ver se a imagem que ele tem de Deus é autêntica. Para os padres do deserto o interior da cela é um lugar de cura, pois justamente em seu interior é possível experimentar o amor de Deus e sua proximidade salvadora.
   Somente quando o monge vence esta etapa, poderá experimentar a cela como céu, o céu se abrirá sobre ele e sua pequena cela respirará a amplidão do céu, porque Deus mesmo está morando nela.

3. DESERTO E TENTAÇÃO
   O deserto é um dos grandes temas do monaquismo. Os monges vão conscientemente para o deserto para estarem a sós consigo mesmos e para procurar a Deus. O deserto era considerado pelos antigos como a morada dos demônios.
   Porém, o deserto não é somente a arena dos demônios. O deserto também é o lugar em que não é possível esconder-nos de nossa própria verdade. O deserto é o lugar em que somos confrontados mais cruelmente conosco mesmos e com nossas regiões mais sombrias. O deserto também é o lugar onde sentimos a maior proximidade de Deus.
   Deus conduz os monges ao deserto para ali suportarem a luta com os demônios e para, através da luta, poderem entrar no país da paz, no pais da visão de Deus. Desta forma os monges experimentam o deserto como o lugar em que Deus lhes está bem próximo, o lugar onde podem sentir o amor de Deus de uma forma mais intensa por não estarem impedidos por nenhuma sedução mundana. Para isso o monge precisa assumir esta luta com os demônios.
   A vida humana é marcada por conflitos constantes. Nós não podemos simplesmente vegetar. É preciso enfrentar os ataques que a vida eventualmente nos apresenta. É através das tentações que o homem obtém um faro do Deus verdadeiro. Sem tentações o homem estaria no perigo de apoderar-se de Deus e torná-lo inofensivo e inócuo. Pela tentação, porém, o homem experimenta existencialmente a sua distância de Deus, sente a diferença entre o homem e Deus.
   Os monges vêem as tentações com uma perspectiva positiva, Pois elas são um desafio para eles. As tentações os obrigam a cravar suas raízes ainda mais profundamente em Deus e a depositar toda a sua confiança nele. As tentações revelam para os monges que eles são incapazes de as vencerem somente com suas próprias forças e, por isso, a necessidade de confiar plenamente em Deus para conseguirem superá-las.
  Antes da tentação a pessoa reza a Deus como uma pessoa estranha. Porém, após ter suportado a tentação por amor a ele sem se deixar transtornar por ela, logo Deus a considera como alguém que lhe fez um empréstimo e tem o direito a dele receber juros. É como um amigo que por causa dele bateu contra o poder do inimigo.
   A tentação abriga-nos a lutar. Porque sem luta não há vitória. Vencer, porém, jamais é mérito nosso. Nós precisamos fazer a experiência de que, através da luta, Cristo age em nós e, de repente, nos liberta da luta constante e nos dá uma profunda paz.
   Estar consciente das tentações sem deixar-se dominar por elas é um caminho que nos mantém vivos, um caminho que sempre de novo nos recorda que nós mesmos não podemos tornar-nos melhores, mas tão somente Deus poderá transformar-nos muito.

4. ASCESE
   Os monges falam detalhadamente da luta que a vida com Deus exige. A vida no deserto é uma luta constante com os demônios e leva o monge a ter um trabalho constante. A ascese é um sentido ético, um exercício para um comportamento virtuoso. A ascese diz respeito a algo positivo, que é o exercício para a aquisição de uma atitude religiosa. Para os monges a ascese consiste no exercício pelo qual o ser humano se exercita numa atitude de “apatheia” que significa paz interior em que está aberto para Deus. Porém, para os padres do deserto este estado de paz sempre se origina da luta.
   Quando o monge atinge a paz interior, ele também alcança a pureza de coração que é um estado de clareza e pureza interior, de amor como abertura para Deus. Para alcançar este estado é necessário lutar. Portanto, para alcançar a pureza de coração e o amor, é necessário que façamos tudo por meio de obras ascéticas, pois elas são os instrumentos que podem libertar nosso coração de todas as paixões que nos atrapalham para a plenitude do amor.
   A ascese consiste sobretudo em tornar o corpo dócil e em subjugar as próprias vontades, em tornar-se senhor dos instintos e livre em relação às próprias necessidades.

5. CALAR E NÃO JULGAR
   Um sinal para saber se a ascese conduziu os monges para Deus é o não julgar. Por mais que o monge jejue com rigor e por mais que trabalhe duramente, isso tudo de nada adianta se, apesar disso, ainda fica a julgar os outros. Neste caso, a ascese apenas o faz se vangloriar-se diante dos outros. Ela serviu apenas para a sua soberba, para o aumento de sua auto-estima.
   Mas para quem, através de sua ascese, se encontrou a si mesmo, para quem agüentou ficar na cela, quando a repressão tende a ser maior, todo o julgamento sobre os outros passa como brisa. Por isso a maioria das sentenças dos patriarcas exortam a permanecer em si mesmo, a confrontar-se com a própria verdade e a não julgar os outros.
   Para os monges, o não julgar não é somente um critério para a ascese autêntica, mas também um auxílio para encontrar apropria serenidade interior.
   O julgamento não nos proporciona serenidade alguma. Pois, enquanto julgamos os outros, experimentamos inconscientemente que nós também não somos perfeitos. Desta forma renunciar o querer julgar os outros ou condená-los é um caminho para a paz interior conosco mesmos. Deixar os outros serem simplesmente como eles são, isso também, é uma maneira de sermos mais nós mesmos.
   Os monges exercitam a virtude do calar-se não como um fim em si mesmo, mas para se unirem a Deus. O calar é antes de tudo, a arte de estar plenamente presente, de admitir sem reservas o momento presente. O objetivo do calar é unir-nos com Deus, é estar de tal modo abertos para ele que ele possa preencher nossos pensamentos e sentimentos, que possamos experimentá-lo no fundo de nosso coração, que possamos presenciá-lo como a fonte de nossa interioridade, como fonte divina inesgotável.

6. A ANÁLISE DOS NOSSOS PENSAMENTOS E SENTIMENTOS
   O encontrar-se consigo mesmo, a que os monges aspiram e no qual eles vêem uma condição prévia do encontro com Deus, é antes de mais nada, um encontro com os seus pensamentos e sentimentos do próprio coração.
   O patriarca Evágrio está convencido de que grande parte de nosso caminho espiritual consiste em prestar atenção às paixões de nosso coração, em conhecê-las e tratá-las adequadamente. A finalidade deste tratamento é o estado da paz interior e serenidade. Na apatheia as paixões já não se combatem entre si, mas entram em harmonia com as outras. Evágrio chama também a saúde da alma de apatheia. A alma torna-se saudável quando ela entra em harmonia consigo mesma, quando está preparada para o amor, pois somente o homem que alcança o estado de apatheia é capaz de amar realmente.
   O conhecimento exato das emoções e paixões é a condição prévia para podermos lidar adequadamente com elas. A meta de nossa luta é atingir o estado de liberdade interior. Esta meta nada mais é do que um modo maduro de lidar com minhas emoções, ter um relacionamento equilibrado com minhas paixões. É um modo de estar em paz comigo mesmo e com minha sombra, minha totalidade, na qual a sombra é integrada e serve à aspiração espiritual.
   Os padres do deserto deixaram em seus escritos experiências com as paixões de nosso coração e as forças de nosso inconsciente:
   1) Ao âmbito da cobiça estão relacionados os vícios da gula, da luxúria e da cobiça. Comida, sexualidade e posses são três instintos básicos do homem que ele não pode simplesmente cortar ou ignorar, pois eles também o estimulam a viver. Importa saber se nos deixamos dominar por estes instintos ou se somos capazes de utilizá-los de forma que nos impulsionem no caminho para a vida e para Deus.
   2) Ao âmbito emocional estão relacionados três paixões: a tristeza, a cólera e a acídia. A tristeza sobrevém, algumas vezes, quando o ser humano não realiza seus desejos. Às vezes, ele vem acompanhado da cólera. A cólera é a mais forte das paixões. Com efeito, diz-se que é uma ebulição da parte irascível da alma e uma indignação contra quem lhe fez algum ultraje ou quem se presume que tenha feito. A acídia é a incapacidade de fazer-se presente no momento atual. Não se tem apetite nem para o trabalho nem para a oração. Nem mesmo o saborear o não fazer nada. Pois sempre se está com os pensamentos noutro lugar. A ascídia é uma expressão de fuga da realidade. Não se aceita encarar a sua própria realidade.
   3) As três paixões da esfera espiritual são:
   a) A Ambição: consiste no contínuo vangloriar-se diante dos outros. Tudo é feito unicamente para ser visto pelas outras pessoas.
   b) A Inveja: mostra-se na contínua comparação de si mesmo com os outros. Não sou capaz de encontrar-me com nenhuma pessoa sem comparar-me a ela. De um modo geral procuro desvalorizar o outro no intuito de revalorizar-me a mim mesmo.
   c) A Soberba: torna as pessoas cegas. O soberbo se identificou a tal ponto com sua imagem ideal, que se recusa a encarar a própria realidade. o demônio da soberba provoca na alma as piores quedas. Ele seduz o monge a não procurar em Deus a razão de suas ações virtuosas, mas em si mesmo.

7. O TRATAMENTO DAS NOSSAS PAIXÕES
   Para os padres do deserto a disciplina é um ótimo caminho para não se reprimir os instintos, mas formá-los para que possam estar à nossa disposição como forças em potencial. Superamos a tristeza quando nos afastamos da dependência do mundo, quando nos desprendemos daquilo que estamos presos, quando nos libertamos interiormente.
   O que nos ajuda, antes de ir dormir, é refletir sobre a ira e livrar-se dela, a fim de que ela não se fixe através do inconsciente no sonho, vindo manifestar-se no dia seguinte como insatisfação difusa. Pois, se nós, durante a noite, levarmos a ira conosco, perderemos o controle sobre nós mesmos.
   Perante a acídia os padres do deserto nos relatam que devemos permanecer em nossa cela e suportar aquilo que acontece em nosso interior. A acídia é a maior das tentações, porém ela tem como resultado uma maior purificação da alma.
   Diante da ambição os padres do deserto recomendam usar a recordação. Devemos recordar-nos de onde viemos, com quais paixões tivemos que lutar e como não foi mérito nosso que tenhamos vencido, mas sim, foi Cristo quem nos amparou nas lutas.
   O remédio mais eficaz é a contemplação, não terá mais valor algum aquilo que outras pessoas pensam a nosso respeito, pois teremos encontrado o nosso fundamento em Deus. O diálogo com os pensamentos é conveniente sobretudo no caso do medo, poie ele também tem o seu significado. Sem o medo nós não teríamos medida, querendo cada vez mais exigir de nós mesmos.

8. A FORMAÇÃO ESPIRITUAL DA VIDA
   Para os monges é muito importante a maneira como eles estruturam concretamente seu dia e que exercícios praticam. À primeira vista, isto parece algo exterior. Na realidade, porém, aí se decide se a vida será bem-sucedida ou não. Pois uma espiritualidade sadia necessita também de um estilo de vida sadio.
   O patriarca Pambo nos ensina 3 exercícios para chegar a maturidade espiritual:
a) Jejuar durante o dia todo;
b) Manter-se em silêncio, (calar);
c) Muito trabalho manual.
   A espiritualidade dos primeiros monges tem a força de formar e transformar a vida. A espiritualidade dos monges produziu uma cultura de vida. Ela nos desafia ainda hoje a nos deixarmos penetrar espiritualmente por ela, a cultivar uma vida espiritual que se torne visível também exteriormente.

9. MANTENDO A MORTE DIARIAMENTE DIANTE DOS OLHOS
   Os monges vivem na consciência de sua morte. E isso os torna interiormente mais vivos e mais presentes. O pensar na morte liberta-os de todo medo. O pensar na morte tira de nós o medo porque paramos de depender do mundo, de nossa saúde e de nossa vida.
   O pensar na morte também nos possibilita viver e experimentar conscientemente cada momento como dádiva da vida e saboreá-la dia-a-dia. A pessoa que mantém a morte diante dos olhos o tempo todo supera facilmente a tristeza e a estreiteza da alma.

10. A CONTEMPLAÇÃO COMO CAMINHO DE CURA
   O ser humano não pode ser curado em seu interior somente com disciplina. O lidar com os pensamentos e os exercícios concretos são um bom auxílio para as paixões se aquietarem e a alma se tornar saudável. Porém, somente a contemplação é que produz a cura verdadeira.
   A contemplação é a oração pura é a oração continuada, a oração acima dos pensamentos e sentimentos, a oração da união com Deus. A dignidade humana consiste em unir-se a Deus através da oração.
   Pela oração, o homem deve libertar-se primeiramente de suas paixões e, sobretudo, da ira e das preocupações. É através da oração que o homem vê sua própria luz. E é por esta luz que ele descobre a sua própria natureza, que é toda reluzente e tem parte na luz de Deus.
   O caminho espiritual dos primeiros monges é um caminho místico e mistagógico, um caminho que nos conduz para dentro de Deus. A meta do caminho espiritual, segundo os monges, é unir-se ao Deus Uno e Trino.
   É através da oração que podemos mergulhar no espaço do verdadeiro silêncio; silêncio em que tudo está salvo, curado e integrado; silêncio onde sentimos uma profunda paz, apesar de todas as feridas e humilhações.

11. A MANSIDÃO COMO SINAL DO HOMEM ESPIRITUAL
   A finalidade do caminho espiritual não está no grande asceta, naquele que jejua com perseverança, no homem conseqüente, mas no homem manso. A mansidão é sinal do homem espiritual. A mansidão é um sinal de que nós compreendemos a Cristo e de que o estamos seguindo.
   Um homem manso atrai e interessa a muitas outras pessoas. O homem que encontra a sua mansidão não precisa persuadir os hereges para a fé a partir de sua ortodoxia, ele não tem necessidade de evangelizá-los. Sua mansidão é um testemunho suficiente de Cristo. Quem encontra a sua mansidão, encontra a Cristo e irá reconhecê-lo através dela.
   A mansidão e a misericórdia são os critérios de uma espiritualidade autêntica. Somente quando os homens se tornarem mansos e tratarem seus semelhantes com misericórdia, somente então passarão a anunciar uma espiritualidade que seja ao modo de ser de Cristo.

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
   Para muitos, as sentenças e os escritos dos padres do deserto, parecem estar muito distantes de nossa realidade. Nem sempre é fácil penetrar nesta linguagem tão diferente de nosso cotidiano. Porém, no momento em que descobrirmos a sabedoria que reside nas palavras dos padres do deserto, dificilmente as abandonaremos. Elas são uma fonte não só para a vida espiritual, mas também para a psicologia.
   Os monges nos ensinaram que o anseio por Deus é o que os estimula a ir para o deserto, a lutar de modo conseqüente com as paixões e a se manter a ascese. Deus para eles é pura e simplesmente a realidade. É por causa de Deus que eles abandonam o mundo e enfrentam com coragem a luta. Fica evidente que os monges já sentiram o gostinho de Deus e por isso não descansam enquanto não o tiverem encontrado.
   Os padres do deserto afirmam que somente através do caminho do encontro franco conosco mesmos, através da obediência, escutar os nossos pensamentos e sentimentos, aos nossos sonhos, ao nosso corpo, ao nosso trabalho e ao nosso relacionamento com as outras pessoas, chegaremos ao Deus que tudo transforma. O que os monges nos querem transmitir hoje é seu otimismo, isto é, que somos pessoas capazes de trabalhar-nos, que não estamos entregues irremediavelmente aos nossos planos e à nossa educação ou mesmo às situações sociais, mas que vale a pena formar-nos e transformar-nos, por meio da ascese, até que a imagem de Deus que está em mim resplandeça límpida.
   Podemos encontrar o nosso verdadeiro eu, isto é haveremos de encontrar Deus que, através da oração e da contemplação, nos cura de nossas mais profundas feridas e acalma os anseios de nosso coração.

Jorge Francisco Heiss Hahn*


*Acadêmico do III semestre do bacharelado em Teologia, na Faculdade de Teologia e Ciências Humanas (Itepa Faculdades).
KENIA- PRIMAVERA

Kennia lança seu primeiro CD solo, intitulado "Primavera".

Kennia é de Caratinga-MG e começou a cantar ainda criança nas coroações à Nossa Senhora e nas peças teatrais de sua comunidade paroquial. Durante a adolescência, também cantava em missas, grupos de oração, retiros e encontros. Aos quinze anos foi premiada por sua primeira composição musical que foi gravada e tocada em todas as rádios da região. Nesse momento decidiu montar uma banda e cantar em shows e encontros da região.

Desde 2001, mora em Belo Horizonte e estuda música na UFMG. Durante algum tempo, participou da Comunidade e da Banda Nova Aliança onde viajou por todo o Brasil e Portugal. Hoje, trabalha com coral, musicalização infantil e trabalhos sociais relacionados à música.

Kennia decidiu então, lançar seu CD solo, pois sentiu o chamando a ser um instrumento de Deus através da música. Cantar as maravilhas que Deus fez em sua vida e através de suas canções levarem os outros a um encontro pessoal com Deus.

No show da CODIMUC, dia 20 de abril de 2005 no Credicard Hall, fez grande sucesso com sua música e com certeza, será a cantora revelação do ano de 2005.

01 Novo Tempo
02 Primavera
03 Fez Em Mim Maravilhas
04 Descerá
05 Vem Cantar
06 Valer a Pena
07 Momento de Graça
08 A Minh?alma Tem Sede de Deus
09 És Filho
10 Herança
11 A Vida é Bela
12 És Tu Que Eu Amo
13 A Fonte
14 Voltei, Senhor
15 Vida
16 A Vida é Bela - Ao Vivo 



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