terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Espiritualidade

                                                            CREDO

         CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE
                         INTRODUÇÃO

Chamamos de "novíssimos" aos acontecimentos finais que se referem ao ser humano, de modo individual (a morte, o juízo particular, o purgatório, o céu ou o inferno) e de modo coletivo (Ressurreição dos mortos, segunda vinda de Cristo, Juízo final).

1. MORRER EM CRISTO (CAT 1005 A 1020)

Ensina o Catecismo da Igreja Católica que, para ressuscitar com Cristo, é preciso “deixar a mansão deste corpo”(II Cor 5,8). Considerando apenas o aspecto científico, a morte pode ser definida como a separação de corpo e alma, que se dá em virtude do desgaste da corporeidade (coração, pulmões, fígado, etc.) da pessoa. Tal fato é natural aos olhos da biologia, mas bem complexo aos olhos da fé, porque por ela sabemos que tudo não termina aí, mas começa um momento decisivo acerca do destino eterno do homem, que está relacionado com o Bem Supremo para o qual ele foi Criado: Deus, o seu Criador.
Para aquele que vê a vida e a morte como um mero acontecimento biológico, seu comportamento pode ser tanto de uma busca desenfreada pelos bens terrenos, como pode decair num tremendo descaso por si mesmo e pelos outros, e tais atitudes de vida chegam a comprometer terrivelmente seu destino final. Resta a Misericórdia divina, que busca o homem até o fim. Porém se cumpre compreender hoje tais acontecimentos à luz da fé, a fim de se deixar iluminar pela luz da doutrina verdadeira e bem gozar destes momentos finais pelos quais todos iremos passar.

1.1 A Morte é Conseqüência do Pecado Tomar Sb 1, 13/ Sb 2, 24

Deus não fez a morte nem tem prazer algum em que passemos por ela, mas foi por inveja do diabo que ela entrou no mundo. De fato, como ensina o Catecismo, o primeiro homem, constituído em uma amizade com o seu Criador e em harmonia consigo mesmo e com a criação que o rodeava, estava “destinado a não morrer” (Cat n. 1008), embora tivesse uma natureza mortal. A morte, pois, foi contrária aos desígnios de Deus Criador, e entrou no mundo como conseqüência do pecado.

1.2 A Morte é Transformada por Cristo

Porém, Deus, através de seu Filho Jesus, que assumiu a natureza humana e sofreu também Ele a morte, transformou a morte em porta para o Céu, para aqueles que aceitam a Salvação que Jesus trouxe. E assim, graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo: Se morremos “com Cristo”, podemos transformar nossa própria morte num ato de obediência e de amor para com o Pai, e vir conseqüentemente a “com Cristo viver” para sempre. Graças a isto, é que São Paulo pode dizer: “Para mim, o viver é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1, 21).

1.3 A Morte é o Acontecimento Final da Vida Terrestre Tomar Ecle 12,1.7

A morte é, assim, no seu sentido cristão, o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de Graça e de Misericórdia que Deus oferece para que realizemos nossa vida segundo seu projeto e para decidirmos nosso destino último.
Ensina o Catecismo, apoiado em Hebreus 9, 27: “Quando tiver terminado o único curso da nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres” (Cat n. 1013). Não existe pois reencarnação após a morte e é muito importante assistir às pessoas gravemente enfermas a fim de que se possam preparar conscientemente para a morte, pois o último ato livre anterior à morte decide toda a sorte póstuma do indivíduo, e somente na vida presente é dado converter-nos. Como não sabemos “o dia nem a hora”, cumpre preparar-nos sempre para este dia, em que se manifestará definitivamente o estado interno em que vivemos. Cumpre pois, a cada dia, deixarmos que se forme em nós a criatura nova, enquanto se definha o velho homem: “Enquanto nosso homem exterior vai definhando, o nosso homem interior vai-se renovando de dia a dia (II Cor 4, 16).

2. O JUÍZO PARTICULAR (CAT 1021 E 1022)Tomar Lc 16, 19-31/Lc 23, 43II Cor 5, 6s

Pode-se dizer, de acordo com a sã doutrina da Igreja, que o ser humano, logo após a morte, recebe de Deus uma iluminação em sua alma, em conseqüência da qual toma plena consciência do que foi realmente a sua vida terrestre e do seu real sentido e valor. Torna-se-lhe claro tudo o que fez e omitiu, de bem e de mal, até os últimos pormenores. Vê também sua posição diante de Deus, e se identifica com o juízo de Deus a respeito de cada um dos seus pensamentos, palavras, atos e omissões. Durante a vida terrestre, ainda podemos fugir de nós mesmos, de encarar nossa realidade à luz de Deus, mas logo após a morte não há essa possibilidade. Tudo se lhe torna transparente. E nesse momento, o amor que tem a Deus pode compeli-lo irresistivelmente à Bem-Aventurança Celeste ou ao estado prévio à visão de Deus (o purgatório); de forma análoga, o ódio ao Criador, uma vez comprovado, faz que a alma se afaste para longe do Senhor.

3. O PURGATÓRIO (CAT 1030 A 1032)Tomar I Cor 3, 10-16/Mt 5, 25s

O Magistério da Igreja se pronunciou oficialmente sobre o Purgatório no Concílio de Lião II, em 1274, nos seguintes termos: “Se (os cristãos que tenham pecado) falecerem realmente possuídos de contrição e piedade, antes, porém de ter feito dignos frutos de penitência por suas obras más e por suas omissões, suas almas depois da morte, são purificadas pelas penas purgatórias... Para aliviar estas penas, são de proveito os sufrágios dos fiéis vivo, a saber: O sacrifício da Missa, as orações, esmolas e outras obras de piedade que, conforme as instituições da Igreja, são praticadas habitualmente pelos cristãos em favor de outros fiéis”.

Explicações:
O amor de Deus não pode coexistir com tendências desregradas de egoísmo, vaidade, covardia, etc. Estas tendências são cada vez mais arraigadas no interior do homem, quanto mais ele peca. E o pecado deixa cicatrizes tais na sua alma, que mesmo depois de inteiramente perdoado por Deus no Sacramento da Reconciliação, o amor do pecador a Deus não é suficiente para extinguir o amor ao pecado renunciado. A eliminação deste amor desordenado pode ocorrer na vida presente por efeito da virtude da penitência do cristão, que assim destrói em si o chamado “corpo do pecado”. Caso isto não se dê, resta a oportunidade de o fazer no purgatório, pois ninguém pode ver Deus face a face se não ama como deve.
No purgatório não há fogo condenatório, mas um fogo purificador numa amarga consciência de ter esbanjado ou ignorado o amor de Deus que o cercava, e que por isto lhe é adiada a entrada no gozo definitivo de Deus, e condicionada às orações, às Eucaristias e aos méritos das orações dos cristãos aqui na terra, já que no purgatório ninguém pode aumentar por si mesmo seu amor a Deus.

4. O CÉU (CAT 1023 A 1029)Tomar Lc 13, 29/Lc 14, 16-24/ Mt 8, 11/Mt 22, 1-14/Mt 25, 1-12

O Papa Bento XII, em 1336, definiu solenemente a doutrina da Bem-Aventurança Celeste, concedida por Deus àqueles que morrem na Graça e amizade de Deus, e totalmente purificados de suas faltas: “Os Bem-Aventurados vêem a essência divina em visão intuitiva ou face a face, sem que a visão de alguma criatura se interponha; a essência divina se lhes mostra imediatamente sem véu, clara e abertamente. Vendo-a, nela se deleitam. Por tal visão e fruição, as almas são realmente felizes, possuem a vida e o repouso eterno”.
Como nenhuma criatura pode ver Deus por suas próprias faculdades, o Senhor mesmo robustece sua mente, infundindo-lhe a chamada “luz de glória”, pela qual contemplam as três Pessoas Santíssimas e todos os atributos de Deus, a Virgem Maria, os Anjos e todos os Bem-Aventurados. Além disso, vêem o plano de Deus sobre este mundo e as criaturas que estão diretamente relacionadas com cada qual (parentes, amigos, dependentes...) Veremos o autêntico valor de cada uma das criaturas, sem nos deixar iludir por aparências, como freqüentemente acontece na terra.
Aquele que está no Céu goza também da felicidade que lhe vem da inteligência e da vontade inteiramente submissa a Deus e identificadas com Ele.
No céu há vida plena e dinamismo, não no sentido de aperfeiçoamento, mas na afirmação de uma vida que chegou ao pleno desenvolvimento. Não há monotonia, porque o tédio é próprio da limitação desta vida, cujos bens são inadequados aos desejos do nosso espírito. Deus, por ser infinito, nenhum fastio pode gerar.

5. O INFERNO (CAT 1033 A 1037)Tomar Mt 13, 24-30/Mt 13, 47-50/Lc 16, 19-31/I Tim 5, 6. 11. 15/Gl 5, 19-21 II Cor 6, 9s/II Cor 2, 15/Ef 5, 5/II Tim 2, 12-20.

Em todo ser humano existe a tendência para o Bem infinito, que é Deus, porque Ele veio de Deus para voltar a Deus, maior felicidade que pode alcançar. Além disto, existe em todo homem uma vontade livre, que pode optar tanto pelo bem como pelo mal. Se a pessoa opta pelo bem e de acordo com a vontade divina dirige todos os seus atos, caminha para o Céu. Porém, se durante a vida faz contínuas opções por bens ilusórios, contrários à orientação divina, começa a viver em estado de dilaceração interior, e pode esconder de si e dos outros esta crise interior por uma vida de prazeres. Se porém, no último instante de sua existência se achar deliberada e voluntariamente voltado contra Deus, por opções incompatíveis com o amor ele, se condena a ficar definitivamente longe do Bem infinito, não porque Este não o ame ou não o tenha buscado até o fim, mas porque definitivamente optou contra Deus. A este estado irreversível se chama inferno.
Não há arrependimento depois da morte, pois esta estabiliza o homem na sua última opção. Aquele que está no inferno julga tudo de acordo com sua inclinação depravada, pois fez uma opção definitiva. Notemos que, para ir ao inferno, é necessário que tenha existido, em vida, consciência lúcida e vontade deliberada na adesão ao mal, e a morte o tenha encontrado assim.

Artigo da Escola de Formação Shalom
escoladeformacao@comshalom.org



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