sexta-feira, 19 de julho de 2013

FRASES DO PAPA RANCISCO


"MENOS FUNÇÃO E MAIS UNÇÃO!"
Padre Joãozinho, scj

O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem dito frases tão densas quanto breves e intensas. Aparentemente, fala de improviso no melhor estilo #prontofalei. Porém, quem acompanha suas homilias desde o tempo de arcebispo de Buenos Aires sabe que cada uma destas frases é muito bem pensada e faz parte de um conjunto que, aos poucos, vai ficando muito claro.

Basta lembrar o motivo indicado por Bento XVI para sua renúncia. Reconheceu que lhe faltavam as forças necessárias para dialogar com o mundo moderno. Este foi o grande desafio da Igreja, desde que o Papa João XXIII abriu as janelas do Vaticano e disse que era preciso exercitar mais e mais o diálogo. Paulo VI continuou esta tarefa levando a Igreja a se definir como luz para os povos e sacramento de comunhão, ou seja, de salvação, ou melhor, de diálogo. João Paulo I fez isso em um rápido e inesquecível sorriso. João Paulo II foi mestre em dialogar com todos os povos e nações. Os jovens que o digam. O que o Papa Francisco faz em suas atitudes e palavras é continuar este exercício de promover o diálogo e a comunhão.

Uma de suas homilias mais marcantes e emblemáticas neste início de pontificado aconteceu na Quinta-Feira Santa, no dia 28 de março de 2013. Ele falou de modo especial para o sacerdotes. Lembrou que são “ungidos” para servir os pobres e oprimidos. Falou com clareza que o “povo gosta do Evangelho pregado com unção”, quando toca na realidade do dia a dia. Disse que esta unção exige que o sacerdote saia de si e viva para o povo como “um pastor com cheiro de ovelhas”. Disse que, quando isso não acontece, o resultado são “padres tristes”, “colecionadores de antiguidades”, ou “sempre em busca de novidades”.

É neste contexto que Francisco faz um trocadilho repleto de significado: “menos função e mais unção”. Esta expressão tem muitos significados e voltaria de mil formas diferentes em suas homilias e catequeses posteriores. Há pessoas que se apegam a um cargo como se ele garantisse a eficácia do seu serviço. Não garante. Muitos até se escondem atrás de uma placa, de uma sala, de uma roupa, de um nome. De nada adianta a função se não existe a unção. De nada adianta o poder se não existe a autoridade.

Em todos os tempos e lugares aparecem pessoas com motivações superficiais. Querem o bônus de um cargo. Mas nem sempre estão dispostas a assumir o ônus do serviço. Querem a função; mas não têm a unção. Fazem pose, mas não têm coração. Jesus foi o primeiro a criticar esta busca pelos primeiros lugares. Disse que é maior quem serve. Mas até entre seus discípulos houve disputa por cargos. Certamente isso o entristeceu e entristece quando vê qualquer forma de carreirismo hoje na sua Igreja. O Papa Francisco não economiza palavras para criticar esta postura. Prefere bispos que não ambicionaram o episcopado. Prefere padres que estão na função porque foram chamados por Jesus e não porque estavam sem opção ou achavam que ser padre lhes daria prestígio social.

O mesmo vale para todo serviço da autoridade. Seria melhor escolher prefeitos que não fizessem carreira política; seria melhor o povo indicar seus vereadores e não ter que escolher entre os que se oferecem.

O Papa Francisco é coerente com aquilo que prega. Prefere a unção. Por isso não tem “papas na língua”. Diz aquilo que Deus faz arder em seu coração. 




Padre João Carlos Almeida, mais conhecido como Padre Joãozinho, scj, é sacerdote da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, os Dehonianos. Doutor em Teologia e em Educação, já escreveu 35 livros com temas que vão de espiritualidade a teologia e formação de lideranças. Compositor inspirado, padre Joãozinho já produziu mais de trinta CDs. Atualmente reside em Taubaté-SP e é professor na Faculdade Dehoniana.

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